Brasil Inspira Políticas Culturais Comunitárias ao Redor do Mundo
Cidade do México, 8 de setembro – A influência da Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), criada pelo Ministério da Cultura do Brasil em 2004, é o foco de discussões no Seminário Internacional "Cultura Viva Comunitária – Uma Escola Latino-Americana de Políticas Culturais", que teve início nesta terça-feira. O evento, sediado na Cidade do México, reúne especialistas e gestores culturais de diversos países interessados em replicar ou adaptar o sucesso do modelo brasileiro em seus territórios.
A PNCV é reconhecida por sua abordagem de descentralização e gestão participativa na cultura, fomentando a criação dos Pontos de Cultura, espaços onde a comunidade local tem acesso direto a recursos culturais e artísticos, além de participar ativamente na gestão desses ambientes. Atualmente, o Brasil conta com mais de 7,2 mil Pontos de Cultura distribuídos em aproximadamente 1,6 mil municípios, configurando-se como uma ampla rede de promoção e preservação cultural.
A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, destacou a importância do programa: “A Cultura Viva é um marco no campo dos direitos culturais. Ela amplia o acesso ao fomento cultural e valoriza as práticas vivenciadas no cotidiano das comunidades”.
O seminário é uma iniciativa da Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cultura, que além de promover a obra do intelectual Rui Barbosa, desempenha um papel crucial no desenvolvimento cultural do país. Alexandre Santini, presidente da Fundação, enfatizou o papel estratégico do Brasil no cenário internacional: “A organização deste seminário fortalece o papel do Brasil na construção de agendas internacionais em torno das políticas públicas para a cultura”.
O evento, que ocorre até o dia 10 de abril, inclui debates e palestras com a presença de renomados acadêmicos e gestores culturais, como Néstor García Canclini e Célio Turino. Discussões abordarão como a cultura pode interagir com outras políticas públicas essenciais, como saúde, educação e direitos humanos, refletindo a transversalidade e a capacidade da cultura de atuar como eixo central na promoção de um desenvolvimento social mais integrado e justo.
A política de descentralização é reforçada pela Política Nacional Aldir Blanc, que desde sua implementação, prevê o repasse de R$ 3 bilhões anuais, alcançando um total de R$ 15 bilhões até 2027 para o setor cultural. Destes, R$ 1,6 bilhão são destinados especificamente para apoiar a Cultura Viva, com a obrigatoriedade de municípios beneficiados com mais de R$ 360 mil em recursos destinarem 25% para iniciativas de base comunitária.
O modelo brasileiro de gestão cultural, assim, não apenas fortalece as expressões artísticas e culturais no país como também serve de exemplo para nações que buscam formas eficazes de integrar a cultura no cerne de políticas públicas inclusivas e transformadoras.
Ponto de Cultura inspira países a adotar políticas de base comunitária
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