Ilha Grande conquista reconhecimento internacional como Área de Importância para a Conservação dos Morcegos
Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) estão desbravando os mistérios dos morcegos que habitam Ilha Grande, localizada no município de Angra dos Reis. Utilizando redes de neblina e gravações acústicas, a equipe não apenas ampliou o conhecimento sobre a fauna local, mas também possibilitou a inclusão da ilha na lista de Áreas de Importância para a Conservação dos Morcegos (Aicom), certificação concedida pela Rede Latino-americana e do Caribe para Conservação dos Morcegos (Relcom).
O título Aicom tem como objetivo preservar morcegos ameaçados, declarando áreas protegidas que atendem a critérios importantes, como abrigar espécies de interesse para conservação e ser uma rica fonte de diversidade de espécies. Ilha Grande abriga 37 das 134 espécies conhecidas de morcegos no Brasil, representando 19,9% do total registrado no país e 37,8% das espécies da Mata Atlântica.
“Os morcegos são animais pouco conhecidos. As pessoas têm muito medo deles e não sabem da importância deles para o meio ambiente. Esse título internacional que a Ilha Grande ganhou agora é crucial, pois permitirá que as pessoas conheçam melhor esses animais”, afirmou Luciana Costa, pesquisadora do Laboratório de Ecologia de Mamíferos da Uerj.
Os morcegos desempenham papéis ecológicos essenciais, incluindo a dispersão de sementes, polinização de plantas e controle de insetos. “Se houvesse a extinção dos morcegos, isso seria terrível para o mundo”, conclui Costa. Os morcegos se alimentam de frutas, insetos e até pequenos vertebrados, enquanto algumas espécies, embora temidas, são hematófagas.
As pesquisas em Ilha Grande incluem a captura de morcegos por meio de redes de neblina, que são verificadas a cada 20 minutos, e o monitoramento acústico, que permite identificar espécies através da gravação de seus sons. Esse método foi responsável pelo registro do morcego Promops centralis no estado, uma nova adição à lista das espécies encontradas em território fluminense.
Além das descobertas, Ilha Grande abriga espécies ameaçadas, como a Furipterus horrens, e outras que não possuem informações suficientes para avaliar seu status de conservação, como a Tonatia bidens.
Com o avanço da urbanização e o desmatamento, os morcegos estão cada vez mais próximos dos ambientes urbanos, aproveitando espaços como telhados e construções para se abrigar. Essa convivência traz desafios, como a necessidade de conscientização das comunidades locais. O projeto "Morcegos na Praça", desenvolvido em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), busca educar os moradores da ilha sobre a importância dos morcegos e os cuidados a serem tomados em relação a esses animais.
Os moradores são aconselhados a não tocar nos morcegos e a manter cuidados ao interagir com áreas onde há acúmulo de fezes, que podem conter esporos de fungos prejudiciais à saúde. Também é ressaltada a legalidade da proteção dos morcegos, conforme a Lei 9605/98, que proíbe a matança desses animais, que são considerados silvestres.
As atividades de pesquisa e o esforço pela preservação dos morcegos em Ilha Grande representam um avanço significativo na conservação da biodiversidade da região, destacando a importância desse grupo de mamíferos para o ecossistema.
Imagens
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Imagem da pesquisadora Luciana Costa com morcegos: Foto: Luciana Costa/Arquivo pessoal
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Morcego catalogado em Ilha Grande: Foto: Luciana M. Costa/Divulgação
- Centro de estudos da Uerj em Ilha Grande: Foto: Uerj/Divulgação
Ilha Grande, no RJ, recebe título de área de conservação de morcegos
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente