A Precarização no Mundo da Inteligência Artificial: Denúncias em Exposição Artística
Carros, motos, pessoas, helicópteros e casas – rotular essas imagens é o mundano, porém exigente trabalho que emprega inúmeras pessoas em países do Sul global. Eles passam horas em espaços confinados rotulando dados para treinar as IA de grandes corporações de tecnologia, recebendo, em troca, remunerações mínimas. A exposição “O Mundo Segundo a IA”, que passou por Paris e chegará ao Brasil, traz à tona essas questões através das obras de artistas internacionais.
Destaque para a instalação “Meta Office: Atrás das Telas da Amazon Mechanical Turks” de Lauritz Bohne, Lea Scherer e Edward Zammit, que documenta a exploração desses microtrabalhadores. A Agência Brasil, presente na exposição, destaca a profundidade do tema abordado pelos artistas, que apuraram dados de remuneração e condições de trabalho dessas pessoas. As paredes da exposição são adornadas com fotografias desses ambientes de trabalho, colocando em perspectiva a realidade por trás dos dispositivos tecnológicos que utilizamos no dia-a-dia.
Ainda em Paris, a exposição trouxe luz a outros aspectos importantes da inteligência artificial, como os preconceitos embutidos nos algoritmos, retratados na obra “Faces do ImageNet” de Trevor Paglen, que expõe os vieses raciais e de gênero no treinamento de IA. A instalação de Grégory Chatonsky, “A Quarta Memória”, propõe uma reflexão sobre um futuro potencial onde apenas as máquinas persistem, explorando a memória de um passado humano.
A exposição também alerta para a urgência climática. “O Novo Anormal”, chegará ao Brasil para provocar reflexões sobre as ações humanas e suas vastas consequências ambientais. Em uma demonstração interativa, visitantes podem calcular as pegadas de carbono de suas refeições, incentivando-os a reconsiderar os impactos de suas escolhas alimentares no meio ambiente.
Antecipando as discussões importantes para o futuro da humanidade e do planeta, a Temporada França-Brasil de 2025 se aproxima, trazendo consigo relevantes diálogos culturais e sociais, estabelecendo um importante intercâmbio de ideias entre França, Brasil e África. Aguarda-se que esses eventos, tal como o Fórum Nosso Futuro, em Salvador, ofereçam plataformas críticas para enfrentar questões de justiça territorial, igualdade de gênero e sustentabilidade.
A Temporada é uma oportunidade de ampliar os diálogos e aprender com as experiências internacionais, mergulhando nas complexidades da tecnologia, arte e sustentabilidade em um contexto global interconectado.
*Fonte: Arnaud Robin/EPPDCSI/Divulgação. A visita à exposição na França foi uma cortesia do Instituto Francês, vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da França.
Temporada França-Brasil provoca com obras sobre IA, clima e trabalho
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