Em Protesto, Deputado Glauber Braga Entra em Greve de Fome na Câmara dos Deputados
Brasília, 10 de abril de 2025 – Nesta madrugada, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou uma greve de fome e acampou no plenário 5 do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, logo após a aprovação, pelo Conselho de Ética, de um parecer que pede sua cassação por quebra de decoro parlamentar. O resultado da votação foi de 13 votos a favor e 5 contra a cassação.
O parlamentar é acusado de agressão física a um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), fato que Glauber Braga atribui a uma reação a insultos direcionados à sua mãe. Ele alega ser alvo de perseguição política por suas denúncias relacionadas ao chamado “Orçamento secreto”.
Optando por não realizar declarações à imprensa para conservar energia, o deputado permanece no chão do plenário, acompanhado apenas por assessores. Em gesto breve à equipe de reportagem da Agência Brasil, Braga mencionou que “está tudo bem”. Desde a noite de terça-feira (8), o deputado não consome alimentos sólidos, mantendo-se apenas à base de líquidos devido ao estresse causado pela sessão do Conselho de Ética.
Nas redes sociais, Braga declarou: “Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é o resultado de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo Orçamento secreto. Vou às últimas consequências”.
Conforme informações de sua assessoria, Glauber Braga está sob acompanhamento médico contínuo, mantendo condições estáveis com pressão arterial normal e peso de 91,7 quilos. “Na manhã desta quinta-feira, o parlamentar ingeriu dois copos de isotônico, além de água”, complementou a assessoria.
A deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), inicialmente, declarou que se juntaria ao colega na greve de fome, mas desistiu após diálogo com outros parlamentares, optando por outras formas de protesto.
O foco da greve de fome, segundo a equipe de Glauber Braga, é desafiar a perseguição política e pressionar por um desfecho para o processo que já se estende há mais de um ano. Braga também promete recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, caso necessário, ao plenário, para contestar a decisão.
Partidos como PT e PSOL já anunciaram obstrução dos trabalhos legislativos em resposta à votação do Conselho de Ética. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), criticou a condução do processo e solicitou que o colégio de líderes partidários revisasse o caso.
Sobre as acusações referentes ao Orçamento secreto, Glauber Braga é um dos críticos mais vocais desse mecanismo de uso de emendas parlamentares sem transparência. O tema gerou debates intensos e resultou em exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) por maior clareza nos gastos públicos.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o relator do processo, deputado Paulo Magalhães, negaram as acusações. Lira afirmou estar aberto a medidas judiciais se necessário, enfatizando que as acusações contra Braga foram iniciadas pelo partido Novo, ind ependente dos políticos mencionados.
A Agência Brasil tentou contato com a assessoria do deputado Paulo Magalhães para comentários adicionais, porém não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
*Fotografia de Glauber Braga no plenário por Lula Marques/Agência Brasil.
Greve de fome: Braga acampa na Câmara após Conselho votar cassação
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