Em São Paulo, o Ministério da Saúde iniciou uma nova campanha nesta quinta-feira (25) para incentivar a doação de órgãos em todo o país. Com alta taxa de recusa familiar, que chega a 45%, o governo busca, através desta iniciativa, garantir a continuidade e a segurança do Programa Nacional de Transplantes, reconhecido globalmente.
O evento de lançamento foi marcado pela presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Hospital do Rim, onde ele enfatizou a confiabilidade do programa. “Quando um profissional de saúde abordar uma família para a doação, tenha certeza da credibilidade desse programa que é seguro e robusto”, afirmou. Padilha também ressaltou que não existem práticas de venda ou tráfico de órgãos no sistema brasileiro, fortalecendo a ideia de um processo sério e seguro.
Uma reportagem de 2019 da Agência Brasil já apontava a recusa familiar como principal obstáculo à doação de órgãos. Segundo o doutor José Medina Pestana, superintendente do Hospital do Rim, essa hesitação geralmente ocorre devido à insegurança das famílias sobre as reais vontades do ente falecido. Para mitigar este problema, a campanha visa encorajar as pessoas a comunicarem em vida seu desejo de serem doadores.
Durante o mesmo evento, o ministro assinou a portaria que estrutura a Política Nacional de Doação e Transplantes, descrita formalmente pela primeira vez desde a criação do sistema em 1997. A nova política organiza os princípios do Sistema Nacional de Transplantes, destacando a ética, transparência e gratuidade pelo SUS. Entre as inovações anunciadas está a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e multivisceral que agora serão oferecidos pelo SUS.
Outra importante iniciativa mencionada foi o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot), que reconhecerá o trabalho das equipes médicas com incentivos financeiros baseados em desempenho e volume de atendimento. Com essa estratégia, o ministério espera impulsionar o número de doações no país.
Reforçando a eficácia do SUS em transplantes, o Brasil se destaca globalmente, sendo o terceiro país em número de procedimentos, liderando em transplantes realizados unicamente por um sistema público. No primeiro semestre deste ano foram realizados 14,9 mil transplantes, um recorde histórico. Contudo, a demanda ainda é alta, com mais de 80 mil pessoas na fila de espera para transplantes.
A campanha “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador” será veiculada a partir deste mês, coincidindo com o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro. Em um esforço nacional, o Ministério da Saúde visa sensibilizar as famílias brasileiras sobre a vital importância da doação de órgãos, fundamental para salvar vidas.
Saúde lança campanha para reduzir recusa à doação de órgãos
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