No Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, organizações e movimentos sociais intensificam críticas ao uso intensivo de químicos na agricultura brasileira, evidenciando riscos à saúde e ao meio ambiente. O aumento alarmante de casos de contaminação reforça a urgência de revisões regulatórias.
Movimentos do campo e organizações de saúde e direitos humanos aproveitaram o Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, lembrado anualmente em 3 de dezembro, para reforçar as críticas ao modelo de produção agrícola brasileiro, largamente sustentado por agrotóxicos. Este ano, a data coincidiu com os 41 anos do desastre de Bhopal, na Índia, marcando uma tragédia que ainda ressoa como símbolo dos perigos dos venenos industriais.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou dados preocupantes: em 2024, registrou-se um recorde de 276 casos de contaminação por agrotóxicos, representando um aumento de 762% em relação ao ano anterior. Desde 2013, mais de 124 mil casos de intoxicações foram notificados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Jakeline Pivato, da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, esclarece a relação direta entre o avanço do agronegócio e o aumento de contaminações. “O agronegócio é o principal vetor de problemas ambientais e de saúde, influenciando desde o desmatamento até o contrabando de biodiversidade”, afirma Pivato.
A campanha tem fortalecido ações junto a grupos jurídicos e de direitos humanos para enfrentar os impactos dos venenos. “Nosso trabalho inclui busca por indenizações e a proteção de comunidades afetadas”, completa Pivato.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) reforçou a crítica ao contexto político e regulatório que permite a proliferação do uso de agrotóxicos no Brasil. Além disso, aponta lentidão no avanço do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), destacando a falta de orçamento e governança como principais obstáculos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) destacou que o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, muitos dos quais são proibidos em outros países. Alertou também para os riscos aos trabalhadores rurais, especialmente devido a aplicações inadequadas e pulverizações aéreas. Normas como a Instrução Normativa Conjunta nº 2/2023 estabelecem medidas de segurança, como a distância mínima de 500 metros de áreas habitadas para pulverização aérea.
Essas informações são essenciais para entender o panorama atual de uso e regulação de agrotóxicos no Brasil e os esforços contínuos para mitigar seus impactos na saúde e meio ambiente.
Campanha denuncia agronegócio por contaminações com uso de agrotóxicos
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