Título: Celac critica sanções econômicas e pede representação na ONU em Cúpula em Honduras
Subtítulo: Cúpula também destaca apoio ao Haiti e reclamação do Paraguai por falta de consenso na declaração final.
Tegucigalpa, 9 de abril de 2025 – A 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada esta semana em Honduras, encerrou com a publicação de uma declaração final que expressa críticas contundentes às sanções econômicas impostas por nações mais ricas, especialmente os Estados Unidos sob a liderança do ex-presidente Donald Trump. O encontro foi marcado também por um apelo para que um latino-americano ou caribenho assuma o cargo de secretário-geral das Nações Unidas (ONU).
A declaração, intitulada "Declaração de Tegucigalpa", não foi unanimemente aceita, com Paraguai, Argentina e Nicarágua se abstendo de assinar o documento. De acordo com especialistas, as razões para tal divergem entre questões políticas internas e alinhamentos geopolíticos específicos. Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), explicou que a Argentina se alinha incondicionalmente aos Estados Unidos, enquanto o Paraguai expressou preocupações não especificadas, que segundo rumores incluem discordâncias sobre questões de espionagem prévia pelo Brasil.
O documento contém oito pontos chave, incluindo uma reafirmação da América Latina e do Caribe como “zona de paz”, a rejeição a “medidas coercitivas unilaterais contrárias ao direito internacional”, e apoio explícito ao Haiti, país que enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança.
A situação do Haiti foi particularmente enfatizada, com o país caribenho vivenciando um controle de mais de 80% de sua capital, Porto Príncipe, por gangues armadas. A Cúpula da Celac reforçou o compromisso de colaborar para a estabilização do Haiti.
No encontro, também se discutiu a importância de continuar fortalecendo a Celac como mecanismo de coordenação política regional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presente na Cúpula, criticou as tentativas de impedir a adoção da declaração. Ele destacou que a decisão de um único país de não assinar não deveria impedir os demais de continuar com o processo, sugerindo que os descontentes poderiam simplesmente optar por não assinar.
Além da situação política, a Cúpula também abordou questões ambientais, segurança alimentar e o fortalecimento do comércio e da infraestrutura na região. A presidência temporária da Celac passará para a Colômbia para o período 2025-2026, com foco em temas como transição energética, saúde e segurança alimentar.
A Celac, formada por 33 países da América Latina e do Caribe, tem sido vista como central na integração e coordenação política da região, enfrentando desafios como tensões políticas e econômicas exacerbadas por políticas externas de grandes potências.
Fonte das imagens: Ricardo Stuckert/PR. Fotos tiradas durante a sessão de abertura da Cúpula da Celac mostram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes em Honduras.
Sem consenso, declaração da Celac critica sanções e guerra comercial
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