Às vésperas de seu encerramento, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) enfrenta dificuldades para alcançar um consenso sobre o Pacote de Belém, documento final que ditará as ações futuras contra o aquecimento global. Com prazo até as 23h59 desta sexta-feira (21), as negociações podem se estender, evidenciando divergências significativas entre os países participantes.
Os rascunhos divulgados na manhã de hoje acentuam a preocupação da sociedade civil quanto à falta de comprometimento ambicioso dos países em atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, que procura limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Um aspecto particularmente crítico é a ausência de um plano concreto para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, apontado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como crucial. Segundo Stela Herschmann, do Observatório do Clima, a omissão desse tópico nos textos favorece, sobretudo, os países produtores de petróleo.
Durante o dia, diversos blocos de países, como o Grupo Africano, União Europeia e países árabes, intensificaram negociações, enquanto um conjunto de 29 nações insistiu na necessidade de revisão imediata do documento. A reação de instituições como o Greenpeace Brasil, por meio de sua diretora-executiva Carolina Pasquali, ilustra a insatisfação geral: “Não podemos apoiar um resultado que não inclua a implementação de uma transição justa e equitativa.” A proposta desses países inclui a realização, no próximo ano, de uma conferência internacional dedicada ao tema dos combustíveis fósseis.
Apesar das tensões, alguns progressos foram observados, especialmente no âmbito da adaptação climática. O Brasil propôs uma lista de 59 indicadores de adaptação, embora inicialmente se esperassem 100. Daniel Porcel, do Instituto Talanoa, destacou esse avanço, juntamente com o estabelecimento do processo de Belém até Addis, que visa alinhar e salvaguardar políticas de adaptação.
A questão financeira ainda pende de definição clara, com textos sugerindo a triplificação do financiamento para adaptação, sem especificar sua origem concreta. Em paralelo, conquistas no âmbito da mitigação foram notáveis, com a Nature Conservancy apontando o reconhecimento de direitos indígenas e de povos tradicionais como uma vitória significativa.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, continuam a pressionar por um consenso que permita resultados concretos e efetivos para o enfrentamento das mudanças climáticas globais.
(Imagem: Agência Brasil/[inserir URL da imagem])
A poucas horas do fim da COP30, negociações prosseguem em Belém
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