Pela primeira vez no Brasil, o escritor marfinense Armand Patrick Gbaka-Brédé, conhecido como GauZ’, desembarca trazendo na bagagem sua perceção recheada de expectativas sobre o país, que vai além do futebol e abarca a música e a cultura negra. Sua visita já incluiu participações em renomados eventos literários em Paraty e Salvador, e suas declarações revelam reflexões profundas sobre miscigenação e desigualdade social no Brasil.
Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e o evento subsequente em Salvador, na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), GauZ’ teve a oportunidade de dialogar com o público sobre temas variados que envolvem desde a sua literatura até questões históricas e socioeconômicas. Na Casa Motiva, ele falou sobre “De pé, Tá pago”, seu livro que explora a vida dos imigrantes africanos em Paris, destacando a frequente relegação desta comunidade a empregos menos valorizados.
GauZ’ fez uma comparação polêmica mas esclarecedora sobre a escravidão e a situação dos palestinos em Gaza, relacionando ambos ao contexto de colonização e deslocamento populacional forçado. Além disso, o escritor criticou a perpetuação das narrativas colonialistas e a necessidade de reinterpretar e responsabilizar as ações do passado para solucionar conflitos atuais.
As impressões iniciais do escritor sobre o Brasil confirmaram-se ao observar de perto a rica, porém complexa, tapeçaria social do país. Surpreendeu-se com a coexistência de pobreza entre negros e brancos, o que, segundo ele, desmistifica narrativas simplistas sobre a dinâmica racial brasileira. Em várias ocasiões, destacou a importância do Brasil como exemplo de diversidade, apesar dos desafios históricos e contemporâneos.
O encerramento desta visita está previsto para este domingo, com a finalização da programação da Flipelô. Mais detalhes sobre as atividades e discussões promovidas podem ser encontrados no site oficial do evento. A cobertura da visita de GauZ’ ao Brasil e o suporte a eventos culturais como a Flipelô refletem o compromisso contínuo com o fomento das artes e do diálogo intercultural.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil – GauZ’ fala sobre seu primeiro livro durante a Flipelô na Casa Motiva.
Escritor marfinense compara situação de Gaza com violência colonial
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