Moradores do Baixo Riozinho no Amazonas Enfrentam Perda de Terras por Contratos de Carbono
Natália Nascimento, representante da Associação dos Moradores do Baixo Riozinho (Asmobri), relata uma situação preocupante no Médio Rio Juruá, Amazonas, onde ribeirinhos estão perdendo suas terras devido a contratos mal compreendidos ligados ao mercado de carbono. Esses contratos viabilizam para as empresas a compensação das emissões de gases poluentes através da preservação de áreas naturais, mas a falta de clareza e garantias tem colocado em risco o modo de vida das populações locais.
Nascimento destaca que os ribeirinhos sofrem assédios para assinar esses acordos. “Os ribeirinhos são atraídos pela promessa de benefícios econômicos. No entanto, não compreendem totalmente o que está sendo acordado e as implicações a longo termo”, exalta. A situação alarmante levou ao envolvimento do Ministério Público Federal, com a comunidade agora aguardando uma decisão judicial.
Ao se engajar nessas práticas, as empresas adquirem créditos de carbono, permitindo-lhes emitir uma maior quantidade de poluentes sob o acordo de manter igual o balanço global de emissões, o que na teoria contribui para lutar contra as alterações climáticas. Todavia, estes acordos podem ter implicações profundas nas práticas culturais e de sobrevivência desses habitantes, conforme explicado pelos especialistas no evento COP30 e os Conflitos do Clima, ocorrido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Além dela, esteve presente a diretora de Programas da Anistia Internacional Brasil, Alexandra Montgomery, que ressaltou a exclusão das populações vulneráveis nas tomadas de decisão, enfatizando como as dificuldades são agravadas por eventos climáticos extremos. Montgomery também levantou preocupações sobre os efeitos da realização da COP30 em Belém, onde destacou que a implementação do evento pode aprofundar problemas urbanos já existentes e exacerbar desigualdades sociais.
O Baixo Riozinho é um exemplo palpável de como as mudanças climáticas e as decisões econômicas globais impactam diretamente comunidades tradicionais e vulneráveis. Com o Brasil se preparando para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em novembro, as discussões sobre justiça social, ambiental e a efetiva participação das comunidades atingidas são imprescindíveis para assegurar que as soluções propostas não reproduzam desigualdades ou causem novas injustiças.
Para especialistas, comunidades devem participar de decisões da COP30
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