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França admite injustiça na dívida histórica imposta ao Haiti

Título: França Reconhece o "Peso Histórico" da Dívida Imposta ao Haiti e Lança Comissão Memória

Subtítulo: No bicentenário da dívida da independência, o presidente francês Emmanuel Macron admite o impacto negativo e cria comissão para revisitar a questão, mas sem prometer reparação financeira.

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No marco dos 200 anos desde que a França impôs uma onerosa dívida ao Haiti em troca de reconhecer sua independência, o governo francês, através do presidente Emmanuel Macron, admitiu nesta quinta-feira (17) que tal exigência financeira representou um "fardo pesado" para o desenvolvimento daquela nação. "A indenização financeira imposta foi injusta e colocou um preço na liberdade de uma jovem nação, confrontada desde o início com a força desproporcional da história", expressou Macron.

Neste contexto, surgem crescentes apelos internacionais para que a França compense o Haiti, devastado por problemas de fome e insegurança. Em resposta, o presidente francês anunciou a criação de uma comissão franco-haitiana para analisar o impacto histórico da dívida sobre o Haiti, embora tenha clarificado que a iniciativa não envolve uma reparação financeira.

Entraves Históricos e Promessas de Melhorias

A situação do Haiti, influenciada pela dívida histórica, é complexa. De acordo com a Anistia Internacional, em 1900, cerca de 80% do orçamento nacional haitiano era destinado ao pagamento da dívida externa. A dívida, que totalizou 150 milhões de francos, foi imposta sob a ameaça da frota francesa em 1825 e demorou 122 anos para ser quitada. Segundo Macron, "as forças da contrarrevolução e a restauração monárquica na França moldaram adversamente a trajetória do Haiti pós-independência".

Além disso, especialistas apontam que esta imposição financeira é um fator decisivo para que o Haiti seja hoje considerado o país mais pobre das Américas. O documento entregue por organizações da América Latina e do Caribe ao governo francês descreve a crise haitiana atual como um resultado direto dessa dívida, citando "um genocídio silencioso" causado por dois séculos de asfixia neocolonial.

Novas Perspectivas de Colaboração e Educação

Macron destacou a importância de reconhecer a verdade histórica e propôs uma colaboração franco-haitiana para transmitir melhor essa história. A comissão criada buscará não só examinar o passado, mas também "propor recomendações aos dois governos para construir um futuro mais pacífico". Além disso, ele sugeriu fortalecer a cooperação educacional e cultural para construir um relacionamento renovado baseado no respeito mútuo e na escuta ativa.

"A memória não deve ser vista como um fardo, mas como uma força que ilumina as mentes", concluiu o presidente francês, reiterando o compromisso de seu governo com a justiça histórica e a melhoria das relações franco-haitianas.

Histórico

O Haiti foi a mais lucrativa colônia do mundo no século 18 e conquistou sua independência em 1804 após uma sangrenta guerra liderada pelos ex-escravizados, sob a liderança de Toussaint Louverture. Foi a primeira nação negra livre e a primeira na América Latina e no Caribe a se tornar independente, também sendo pioneira na abolição da escravidão.

França reconhece injustiça contra Haiti por dívida da independência

Agência Brasil

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