Ocupação dos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado por membros da oposição que protestavam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras questões relacionadas pode configurar quebra de decoro e crime de prevaricação, segundo juristas consultados pela Agência Brasil. Essa situação tumultuou as atividades legislativas, com parlamentares pernoitando nas respectivas Casas para manter a ocupação.
Juristas apontam que os atos dos parlamentares podem ser enquadrados como prevaricação, conforme o artigo 319 do Código Penal, que trata de atrasar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício para satisfazer interesse pessoal. Segundo Henderson Fürst, professor de direito constitucional, o protesto extrapolou os limites permitidos pela imunidade parlamentar, o que configura também uma perturbação no andamento das sessões do Congresso Nacional, proibida pelo Código de Ética da Câmara dos Deputados.
Os deputados e senadores da oposição exigiam, além da liberação de Bolsonaro, uma anistia para condenados em tentativas de golpe de Estado e o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Flávio Henrique Costa Pereira, especialista em Direito Público e Eleitoral, argumentou que, apesar da legitimidade da pauta, a forma de protesto impediu o exercício regular das funções legislativas, desviando-se das obrigações dos parlamentares.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, solicitou à Corregedoria da Casa o afastamento dos deputados envolvidos por até seis meses, pendente de aprovação pelo Conselho de Ética. Simultaneamente, partidos como PT, PSB e PSOL entraram com ações no mesmo conselho contra parlamentares do PL por obstruírem as atividades legislativas.
Em contrapartida, atos foram realizados em frente ao anexo da Câmara dos Deputados contra os parlamentares da oposição, como captado em imagem por Valter Campanato para a Agência Brasil.
A situação eleva o debate sobre os limites da atuação parlamentar e os mecanismos de contenção e balanceamento entre os poderes, indicando um cenário turbulento na política brasileira que poderá ter desdobramentos significativos nos próximos meses.
Para juristas, motim da oposição quebra decoro e sugere prevaricação
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