Apenas dois em cada dez indivíduos envolvidos com o tráfico de drogas completaram o ensino médio, revela o estudo “Raio-X da Vida Real”, realizado pelo Instituto Data Favela, ligado à Central Única das Favelas (Cufa). A pesquisa, que entrevistou 3.954 pessoas atuando nessa esfera, foi conduzida pessoalmente em favelas de 23 estados do Brasil entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025.
Os resultados mostram que 35% têm o ensino fundamental incompleto, enquanto 22% finalizaram o ensino médio. A baixa escolaridade é um dos aspectos mais preocupantes, segundo Marcus Vinícius Athayde, copresidente do Data Favela e presidente da Cufa Global. Em entrevista coletiva, ele ressaltou a necessidade de aliar incentivos trabalhistas com oportunidades educacionais, especialmente para os jovens.
Na pesquisa, a maioria expressou remorso por não ter prosseguido com os estudos; 41% lamentaram não ter se formado. Além disso, os dados destacam uma realidade familiar diversa: 35% foram criados em famílias tradicionais, e 38% em lares monoparentais, predominantemente chefiados por mulheres.
O estudo também aponta que a baixa escolaridade contribui para a limitação de renda, com 60% a 70% dos entrevistados ganhando até dois salários mínimos. A pesquisa ainda abordou problemas de saúde mental, sendo a insônia (39%) e a ansiedade (33%) os mais prevalentes.
Os problemas identificados pelos entrevistados refletem questões estruturais, incluindo pobreza, desigualdades e corrupção. A violência e a falta de acesso à educação e saúde também foram apontados como desafios críticos no Brasil.
Esses resultados são particularmente relevantes para políticas públicas, evidenciando a necessidade de integrar maior acesso à educação e oportunidades de emprego legítimas como estratégias fundamentais para o desvio de comportamento criminoso e melhoria das condições de vida nas favelas.
Metade dos envolvidos com tráfico de drogas não chega ao ensino médio
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