PEC da Blindagem Continua a Gerar Controvérsias no Cenário Político Brasileiro
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reiterou nesta segunda-feira (22) seu apoio à PEC da Blindagem, oficialmente conhecida como PEC das Prerrogativas, após protestos que reuniram milhares de pessoas em todas as capitais do país. Segundo Motta, a medida visa conter supostos excessos do Judiciário e não impede ações contra crimes comuns cometidos por parlamentares.
Durante um evento do banco BTG Pactual, Motta argumentou que a PEC é mal interpretada pela opinião pública e pela mídia, que sugere uma suposta proteção a deputados envolvidos em crimes não relacionados ao exercício de suas funções. “Nós temos deputados sendo processados por crimes de opinião e pelo uso das redes sociais. Essa é a realidade do país hoje”, destacou.
Os protestos do final de semana visaram principalmente o presidente da Câmara por seu papel chave na tramitação da PEC. Muitos manifestantes argumentam que a proposta foi elaborada para blindar deputados de responsabilidades legais, especialmente no contexto das investigações e condenações recentes de figuras políticas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar das críticas, Motta defendeu que a Câmara dos Deputados atua conforme o cumprimento das leis e rejeitaria qualquer tentativa de absolver parlamentares de crimes comuns. “Quando é que vamos ter um crime comum cometido por quem quer que seja, sair impune, ainda mais por um parlamentar?”, questionou.
O jurista Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, enfatizou à Agência Brasil que a imunidade parlamentar não pode servir de escudo para declarações que atentam contra a ordem democrática ou que envolvam crimes contra a honra. Ele ressaltou que opiniões política genuínas devem ser protegidas, mas que abusos precisam ser regulados pela legislação.
Ademais, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado agendou a discussão da PEC para a próxima quarta-feira (24), com uma tendência para rejeição do projeto dada a oposição crescente.
Motta também apelou à necessidade de revisão das penas relativas ao ataque ao Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023, sugerindo uma possível revisão das penalidades para desanuviar o ambiente político. Todavia, o relator do projeto relacionado, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), indicou que o foco seria a redosimetria das penas, e não uma anistia completa.
Esse contexto de tensão coincide com um momento onde o STF intensificou ações contra membros do Legislativo, especialmente após a crise política desencadeada pelo golpe fracassado e a questionável administração de grandes volumes de recursos públicos por parlamentares. As reservas em relação à PEC sublinham a preocupação persistente com a integridade e a transparência na gestão pública brasileira.
Fonte: Agência Brasil
Motta defende PEC da Blindagem e diz que debate foi distorcido
Economia