Transporte Gratuito Pode Virar Realidade com Contribuição de Empresas, Aponta Estudo
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP) propõe uma solução inovadora para realizar a tarifa zero no transporte público brasileiro. Publicado nesta quarta-feira (26), o relatório sugere a criação de um fundo financiado por contribuições de empresas para viabilizar a gratuidade. Este projeto, apoiado pela Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero, poderia transformar a forma como os brasileiros se locomovem nas 706 cidades com mais de 50 mil habitantes.
De acordo com o estudo, intitulado “Caminhos para a tarifa zero”, a maior parte dos estabelecimentos, cerca de 81,5%, não precisaria contribuir, afetando apenas aqueles com 10 ou mais funcionários. A proposta é alterar o atual modelo de vale-transporte, direcionando os recursos para um fundo coletivo. “Um estabelecimento com 10 funcionários pagaria a contribuição correspondente a um trabalhador. Com 20, a contribuição seria equivalente a 11 funcionários, e assim sucessivamente”, explica Thiago Trindade, professor da UnB e um dos autores da pesquisa.
O fundo coletivo, segundo Trindade, seria mantido com uma taxa de aproximadamente R$ 255 mensais por empregado, totalizando um montante anual de cerca de R$ 80 bilhões. Esse valor seria suficiente para cobrir o custo estimado de R$ 78 bilhões anuais necessários para implementar a gratuidade do transporte público nas cidades visadas pelo estudo, beneficiando diretamente cerca de 124 milhões de pessoas.
Além de proporcionar economia para os usuários de transporte público, a medida poderia reduzir o número de veículos nas estradas, com impactos positivos no trânsito e no número de acidentes, que são atualmente um grande custo para a saúde pública. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também destacado no estudo mostra que as motocicletas, por exemplo, foram responsáveis por quase 40% das mortes em acidentes de trânsito em 2023.
Os autores do estudo indicam que a implementação da tarifa zero poderia ser testada inicialmente em regiões metropolitanas a partir de 2026, para avaliação prática do modelo. Além disso, sugerem que campanhas de sensibilização sejam realizadas para ampliar o apoio público à proposta, reforçando os benefícios econômicos e sociais do acesso gratuito ao transporte.
(Foto: Cortesia da Agência Brasil [link não fornecido])
Este modelo proposto não apenas aborda questões como eficiência e sustentabilidade do transporte público, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores programas de distribuição de renda do mundo, conforme apontado pelos pesquisadores. Com a economia gerada, espera-se um aumento na arrecadação tributária decorrente do maior volume de dinheiro circulando na economia.
Estudo defende substituir vale-transporte por tarifa zero universal
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