A Câmara dos Deputados avança na tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 3/2025, que visa revogar a Resolução nº 258/2024 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). A norma em questão estabelece diretrizes relacionadas ao aborto legal para menores vítimas de violência sexual.
Esta semana, o deputado Luiz Gastão (PSD-CE), relator do projeto, emitiu um parecer favorável à derrubada da resolução. Este parecer foi aprovado por comissões importantes da Câmara, incluindo a de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família e a de Constituição e Justiça e Cidadania. O relator argumenta que menores de 16 anos não possuem autonomia plena para tomar decisões e, portanto, a realização do aborto deve ser condicionada à apresentação de um boletim de ocorrência ou autorização judicial.
O Conanda defende que nos casos de risco, derivados de violência sexual intrafamiliar, nem os pais nem responsáveis precisam ser notificados, uma posição que o deputado critica, apontando também a omissão da resolução em definir um limite temporal para a realização do aborto.
No último dia 27, a deputada Chris Tonietto (PL-RJ), em colaboração com outros parlamentares, solicitou que o projeto fosse colocado em regime de urgência. Isso aceleraria a tramitação, permitindo que o texto vá diretamente para votação em plenário, sem análises adicionais.
O grupo de deputados argumenta que a resolução minimiza o poder familiar e permite uma margem de interpretação inapropriada sobre o direito à objeção de consciência no contexto do aborto, conferindo maior autonomia às crianças e adolescentes do que o previsto na legislação civil. Além disso, destacam que, segundo eles, a resolução vai contra a proteção à vida e à integridade física do feto, conforme garantido pela Constituição Federal.
A campanha Criança Não é Mãe, por sua vez, critica o PDL 3/2025 como um retrocesso significativo na proteção infantil, destacando que a resolução do Conanda proporciona um fluxo claro e humanizado para o atendimento de meninas estupradas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e normas internacionais respaldam as diretrizes do Conanda, que têm como prioridade a segurança e o cuidado com as vítimas.
Dados da Associação de Obstetrícia de Rondônia revelam que em 2023, 14 mil meninas entre 10 e 14 anos engravidaram no Brasil, sendo que deste total, apenas 154 tiveram acesso ao aborto legal. Estudos apontam que a maioria dos 69.418 estupros reportados entre 2015 e 2019 envolveu meninas dessa faixa etária, com a maior parte dos crimes sendo cometida por conhecidos das vítimas.
Projeto que derruba regras sobre aborto legal em crianças avança na Câmara
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