Revitalização da Produção de Borracha no Mato Grosso: Uma Jornada Sustentável dos Rikbaktsa
No coração do noroeste mato-grossense, o povo indígena Rikbaktsa reinicia a extração de borracha, visando a sustentabilidade e o bem-estar das futuras gerações. Essa retomada não apenas propõe uma fonte de renda para as comunidades, mas se apresenta como crucial na preservação das seringueiras, árvores vitais para a ecologia local e global. Há uma década, dificuldades como baixos preços e logística desafiadora haviam levado ao abandono desta atividade. Hoje, o cenário se transforma com a promessa de práticas mais justas e respeitosas ao meio ambiente e à cultura local.
A produção de borracha na região já teve momentos de grande tensão e conflito entre os Rikbaktsa e seringueiros não-indígenas, mas agora, sob o enfoque da sustentabilidade e com a colaboração de organizações como a ONG Memorial Chico Mendes e empresas como a Michelin, busca-se um novo capítulo para as comunidades extrativistas. O projeto Biodiverso, apoiado pela Petrobras, está no centro dessa iniciativa, facilitando o contato direto entre produtores indígenas e grandes compradores, eliminando intermediários que historicamente depreciavam o trabalho dos extrativistas.
Em 2008, a parceria com a Michelin já resultou na venda de 17 toneladas de borracha. Atualmente, há uma meta de alcançar 90 toneladas até 2027, abrangendo diversas terras indígenas e reservas extrativistas. Além de apresentar preços mais atrativos, este novo ciclo promove práticas de extração que respeitam os ciclos naturais das seringueiras, garantindo sua longevidade e produtividade.
Personalidades locais, como Donato Bibitata e Rogerderson Natsitsabui, destacam-se nesta reaproximação com as tradições de extração de látex. Donato, com a sabedoria de quem já vivenciou os altos e baixos dessa atividade, e Rogerderson, um jovem motivado tanto pela tradição quanto pela necessidade de sustento, exemplificam o potencial de desenvolvimento e aprendizado intergeracional que a retomada proporciona.
A visão de sustentabilidade vai além da extração de borracha, se estendendo para a castanha e o óleo de copaíba, com previsões de produzir quantidades significativas até 2027 sob a supervisão do projeto Biodiverso. Este esforço não só promete melhorar a qualidade de vida dos extrativistas, mas também contribuir significativamente para a conservação ambiental, protegendo cerca de 1,4 milhão de hectares de floresta amazônica.
Este rico panorama é capturado também pelas lentes da Agência Brasil, graças ao patrocínio da Petrobras, que possibilitou a cobertura in loco das dinâmicas atuais nas terras indígenas e reservas extrativistas envolvidas. Com essas medidas, a produção de borracha nativa não só se revitaliza, mas serve como modelo de resiliência e respeito ao meio ambiente e cultura indígena no cenário nacional e internacional.
Fernando Frazão/Agência Brasil – Imagens da Terra Indígena Erikpatsa, do Povo Rikbaktsa (MT) – Galeria 03.
Povo Rikbaktsa volta a extrair látex sem patrões e respeitando a mata
Meio Ambiente