Rio de Janeiro – Os casos de acidente vascular cerebral (AVC) mostram um aumento significativo durante o verão, segundo Orlando Maia, neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro. O clima quente, que leva à desidratação natural das células, aumenta o risco de formação de coágulos sanguíneos, elevando as chances de ocorrência de um AVC.
De acordo com Maia, o sangue mais espesso por conta da desidratação favorece a trombose, um tipo de obstrução vascular que pode resultar em AVC isquêmico, que representa a maior parte dos casos. Este tipo de AVC acontece quando um coágulo obstrui um vaso sanguíneo do cérebro, diferentemente do AVC hemorrágico, que se manifesta pelo rompimento de um vaso e é menos comum.
A pressão arterial também desempenha um papel crucial, explicou o especialista. O calor promove a dilatação dos vasos sanguíneos, diminuindo a pressão arterial, o que pode favorecer a formação de coágulos e arritmias – uma irregularidade nos batimentos cardíacos. Estes fatores podem contribuir para que coágulos cheguem ao cérebro.
Além desses aspectos, o verão é uma época em que muitos se permitem relaxar nas rotinas, levando a um aumento do consumo de álcool e, por vezes, negligenciando medicamentos essenciais. Esses fatores, juntamente com a exposição a doenças típicas do calor, como gastroenterites, insolação e a prática excessiva de atividades físicas, combinam-se para aumentar o risco de AVC.
Orlando Maia alerta também sobre o impacto do tabagismo, que, principalmente devido à nicotina, contribui significativamente para o desenvolvimento de doenças cerebrovasculares, como aneurismas e obstruções vasculares.
Durante o verão, o Hospital Quali Ipanema vê o dobro do número de pacientes com AVC em comparação com outras épocas do ano. Isso reflete a gravidade e a prevalência dessa condição, que é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo.
Os tratamentos para AVC evoluíram consideravelmente, com opções que vão desde a administração intravenosa de medicamentos para dissolução de coágulos até procedimentos intervencionistas para extrair o coágulo através de cateterização.
Maia enfatiza a importância da prevenção, que inclui manter um estilo de vida saudável, com controle rigoroso sobre fatores de risco como a pressão arterial alta, e não subestimar os primeiros sintomas de um AVC, que exigem resposta médica imediata.
Fotografia por: Dr. Orlando Maia/Arquivo Pessoal.
Calor pode aumentar risco de AVC, alerta médico
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