No coração do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a comunidade rural Piauí Poço Dantas enfrenta desafios decorrentes da escalada na extração de lítio por empresas estrangeiras. A pedagoga Ana Cláudia Gomes de Souza relata que, com a instalação de novas minas após 2023, sua comunidade viu um aumento significativo em problemas como poeira, ruído constante e assoreamento dos córregos locais.
O lítio, um metal raro e leve utilizado em tecnologias essenciais para a transição energética global, como baterias de íon-lítio e geração de energia eólica, é considerado um mineral crítico. No Vale do Jequitinhonha, grandes reservas desse metal incentivaram a entrada de empresas multinacionais, acelerando a produção e as exportações brasileiras.
Impactos significativos têm sido sentidos nas comunidades locais, incluindo a Terra Indígena Cinta Vermelha de Jundiba. Uakyrê Pankararu-Pataxó, residente da área, destaca que além dos problemas ambientais, as operações mineradoras exacerbam questões sociais como o assédio e fraturas comunitárias. A opinião pública local reflete preocupações sobre os métodos de extração a céu aberto e a gestão de rejeitos.
A polêmica situação chamou a atenção do Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF-MG), que recentemente recomendou uma revisão nas licenças de operação na região, focando na necessidade de melhorias na consulta e participação das comunidades afetadas.
O Estado tem se posicionado através do lançamento do programa “Vale do Lítio”, que busca fomentar o setor atrativo de investimentos e gerar inúmeros empregos, refletindo um aumento significativo na arrecadação de royalties da mineração. Entretanto, os benefícios distribuídos ainda são motivo de debate frente aos desafios impostos à população local.
(Foto: Cristiano Machado/Agência Minas)[“Impactos da exploração de lítio em MG”]
Vale do Lítio: exploração de metais críticos impacta comunidades em MG
Meio Ambiente