Crescimento Alarmante da Sífilis entre Gestantes Brasileiras
Dados recentemente divulgados pelo Ministério da Saúde em outubro apontam um aumento preocupante nos casos de sífilis, especialmente entre gestantes. O Brasil, seguindo uma tendência global, registrou 810.246 casos de sífilis em gestantes de 2005 até junho de 2025, com a região Sudeste liderando em diagnósticos.
A taxa nacional de detecção de sífilis atingiu 35,4 casos por mil nascidos vivos em 2024, refletindo um aumento significativo na transmissão vertical da doença — de mãe para bebê. Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, ginecologista e membro da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo, ressalta que, apesar dos avanços em diagnóstico e tratamento, o país enfrenta dificuldades no controle dessa IST.
A sífilis é mais facilmente diagnosticável e tratável do que o HIV, mas ainda assim, segundo a dra. Mayer Milanez, o subdiagnóstico nos exames pré-natais contribui para o contínuo aumento dos casos. O VDRL, teste mais comum para identificação da infecção, nem sempre é interpretado corretamente pelos profissionais de saúde, o que pode resultar em tratamento inadequado ou inexistente. Isso perpetua o ciclo de infecção entre a gestante, o parceiro sexual não tratado e o feto.
Além disso, observa-se uma maior prevalência de sífilis e HIV entre as faixas etárias de 15 a 25 anos e na terceira idade. Os jovens, pelo diminuído receio dessas infecções, e os idosos, pela ativa vida sexual sem o medo de gravidez, acabam negligenciando métodos de proteção.
A Febrasgo está intensificando os esforços de capacitação dos profissionais de saúde sobre as ISTs e enfatiza a importância da correta interpretação dos testes para um tratamento eficaz. Mayer Milanez destaca que o controle da sífilis congênita é um dos melhores indicadores da qualidade do atendimento pré-natal.
De acordo com Mayer Milanez, o Carnaval representa um momento de risco elevado para a transmissão de ISTs devido à redução no uso de métodos de barreira. Assim, a prevenção continua sendo essencial para combater o avanço dessa doença que, se não tratada, pode progredir para fases mais graves e afetar gravemente os fetos.
O Ministério da Saúde mantém disponíveis, pelo portal oficial, diretrizes e protocolos sobre prevenção e tratamento da transmissão vertical de sífilis, HIV e outras ISTs, acessíveis a profissionais da área e ao público geral.
Importa salientar a importância de ações contínuas de educação e sensibilização para reduzir os casos de sífilis no país, fazendo um apelo para a adesão a práticas seguras e o acompanhamento médico adequado durante a gestação.
Sífilis continua em ritmo acelerado de crescimento no país
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