Estudo Revela Impacto das Terras Indígenas na Saúde e Meio Ambiente
Um estudo realizado por pesquisadoras brasileiras analisou dados dos primeiros 20 anos do século XXI e demonstrou que as Terras Indígenas (TIs), especialmente as que têm reconhecimento legal, desempenham um papel fundamental na redução de enfermidades ligadas a queimadas e doenças infecciosas tropicais em localidades até 500 quilômetros distantes. A pesquisa, publicada na revista científica Nature, abrangeu os nove países da região amazônica e também considerou as TIs na Mata Atlântica, apresentando resultados similares em ambos os biomas.
Detalhes da Pesquisa
O estudo foi conduzido por Julia Barreto, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), e Paula Prist, do programa Forests and Grassland da União Internacional pela Conservação da Natureza, com sede em Washington (EUA). Os pesquisadores focaram na análise do impacto ambiental e de saúde do material particulado menor que 2,5 micrômetros, emitido pelas queimadas, que pode irritar as mucosas, afetar a respiração e causar doenças respiratórias e cardiovasculares.
Julia Barreto explicou à Agência Brasil a importância de extendender a pesquisa ao longo de várias décadas, afirmando que isso reduz variações atípicas e fornece respostas mais precisas. Paula Prist destacou que a colaboração internacional com cientistas de outros países amazônicos foi crucial para o sucesso e a abrangência do estudo.
Resultados Conclusivos
Os dados coletados indicaram que as TIs legalmente protegidas contribuem significativamente para a diminuição nos índices de queimadas, limitando a extensão dos danos e a propagação de doenças infecciosas. Os benefícios das TIs variam de acordo com as diferentes doenças e configurações de preservação estudadas.
A pesquisa também evidenciou que municípios com maior devastação necessitam mais dessas áreas protegidas para mitigar os impactos ambientais e de saúde derivados das queimadas. A preservação de mais terras sob gestão indígena poderia, portanto, reduzir consideravelmente os poluentes atmosféricos e melhorar a saúde nas regiões próximas.
Visão das Pesquisadoras
As líderes do estudo reiteram a relevância dos territórios indígenas para a saúde pública, indo além do reconhecimento dos direitos ancestrais dos povos indígenas. Julia Barreto destacou a importância dos dados coletados e a contribuição da ciência colaborativa, cujos resultados estão disponíveis publicamente para fomentar futuras pesquisas.
Contribuição Visual
A pesquisa é complementada por imagens, como a capturada por Fernando Frazão da Agência Brasil, que mostra a aldeia Beira Rio na Terra Indígena Erikpatsa, do Povo Rikbaktsa, destacando a preservação das áreas demarcadas legais e seu impacto na região.
Este estudo sublinha a importância crucial das Terras Indígenas na preservação da biodiversidade e na promoção da saúde ambiental e pública, enfatizando a necessidade de políticas que fortaleçam a proteção dessas áreas essenciais.
Estudo mostra que demarcar terras indígenas melhora saúde da população
Meio Ambiente