Artesãos no Rio Desafiam Avanços da IA com Criatividade na Feira Rio Artes 2025
Rio de Janeiro, 9 de abril de 2025 — Em resposta aos crescentes desafios impostos pela ascensão da inteligência artificial (IA), artesãos cariocas mostram que a criatividade humana segue insubstituível durante a Feira Rio Artes, que acontece no Centro de Convenções Expomag, no centro da cidade.
A feira, que teve início nesta quarta-feira e se estenderá até o próximo domingo (13), apresenta uma vasta programação com oficinas, espaços comerciais e exposições que celebram a economia criativa — um setor que abrange de tudo, desde artesanato até design e tecnologia da informação.
Durante o evento, a Agência Brasil conversou com a artesã Andreia Pugliese, especializada em laços e pintura em couro. "O artesanato está sempre se reinventando; contra a criatividade do ser humano, não tem para ninguém", afirmou Pugliese, demonstrando otimismo e resiliência frente aos avanços tecnológicos.
Cátia Benigno, colega de profissão de Pugliese, que trabalha com biscuit e pintura em tecido, compartilha de um sentimento similar: "A inteligência artificial veio somar. É o novo, assusta, mas acredito que não vai substituir nossa inteligência nem nossa criatividade."
A Feira Rio Artes, descrita pelo coordenador Roberto Santos como um epicentro de comercialização e valorização do trabalho criativo, não apenas busca amplificar o setor artesanal, mas também educar sobre a importância de valorizar e precificar adequadamente o trabalho artesanal. "Há procedimentos que ensinamos aqui que ajudam o artesão a valorizar seu trabalho", explicou Santos.
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a economia criativa já representa 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023, com uma projeção de empregar cerca de 8,4 milhões de pessoas até 2030.
Entre os participantes, estava também Cintia Miller, tesoureira da Federação do Artesanato do Rio de Janeiro (Faerj). Miller, cujo estande exibia itens de crochê e decoração reciclada, salientou a baixa probabilidade de que a IA afete negativamente o artesanato. "A nossa luta é pela valorização do trabalhador manual. Com a IA, muita gente pode perder emprego em outros setores, mas no artesanato, acredito que o impacto será menor".
A feira conta ainda com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa e entidades como o Sesc, Senac e Sebrae, destacando-se como um importante vetor para o debate sobre o papel da criatividade na economia moderna e na interação com as novas tecnologias.
No contexto legislativo, o Projeto de Lei 2.732/2022 que tramita na Câmara dos Deputados propõe a Política Nacional de Desenvolvimento da Economia Criativa, visando incentivar ainda mais o setor através de parcerias e infraestrutura adequada.
Fotos do evento por Tânia Rêgo/Agência Brasil.
- (Descrição das Imagens: Artesãos participando de diversas atividades durante a Feira Rio Artes.)
Este encontro anual não só demonstra a vitalidade da economia criativa no Brasil, mas também o potencial humano de reinventar e preservar culturas por meio da criatividade artesanal, apesar dos avanços da tecnologia.
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