Caracas, Venezuela – A divisão na oposição marca as eleições legislativas da Venezuela programadas para o próximo domingo (25), quando serão eleitos os 285 deputados da Assembleia Nacional, além de governadores e representantes das assembleias estaduais. O pleito ocorre em um contexto ainda conturbado após a reeleição do presidente Nicolás Maduro em 2024, legitimada pelo tribunal supremo do país apesar das acusações de fraude.
À medida que se aproxima o dia das eleições, os preparativos e os ânimos se intensificam. O governo de Maduro anunciou recentemente que desarticulou uma tentativa de golpe de Estado, com 38 pessoas detidas, incluindo cidadãos estrangeiros, acusando líderes políticos colombianos de envolvimento. Além disso, suspendeu todos os voos procedentes da Colômbia.
No cenário da oposição, a cisão é notável. Parte dela segue o chamado de María Corina Machado para boicotar as eleições, enquanto outra, sob liderança de Henrique Capriles, vê na participação eleitoral uma forma de confrontar o chavismo dentro das instituições. O ex-governador mirandês Capriles, que já disputou a presidência contra Chávez e Maduro, usa as redes sociais para encorajar seus seguidores a usar o voto como mecanismo de luta.
O cenário político se completa com a posição do Partido Comunista da Venezuela (PCV), que optou por não participar das eleições, argumentando que o processo carece de garantias eleitorais mínimas para ser considerado legítimo e transparente. O PCV expressou preocupação com o impacto desta decisão na vida democrática do país.
Por outro lado, os candidatos chavistas se mobilizam para garantir a continuidade de seu controle sobre o parlamento e os governos locais, que já dominam grande parte desde as eleições de 2020. Maduro, em transmissão oficial, apelou à população para que rejeite as campanhas de desinformação e participe ativamente do pleito, proclamando estar "do lado certo da história".
As declarações foram reforçadas por análises de especialistas, como o professor Rodolfo Magallanes da Universidade Central de Venezuela, que antevê poucas mudanças no mapa político após as eleições. Segundo ele, a fragmentação da oposição dilui sua força eleitoral, o que pode dificultar uma verdadeira alteração no equilíbrio de poder, mesmo considerando o desgaste do governo e a deterioração econômica que afeta o país.
Foto: Henrique Capriles – Cristina Moure/Divulgação do Governo de Miranda
Foto: María Corina Machado durante protesto em Caracas – Maxwell Briceno/Reuters/direitos reservados
Foto: Presidente Nicolás Maduro durante cerimônia de posse – Leonardo Fernandez Viloria/Reuters/proibida a reprodução
A Venezuela, portanto, caminha para uma jornada eleitoral onde o principal desafio será não apenas a disputa por assentos legislativos e governos estaduais, mas também a consolidação da democracia e a legitimidade de seu processo eleitoral.
Com oposição rachada, Venezuela realiza eleição legislativa e regional
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