Terceira Greve Geral Contra Ajuste Fiscal Paralisa Argentina
Buenos Aires, 10 de fevereiro – A Argentina testemunha hoje sua terceira greve geral em resposta ao ajuste fiscal implementado pelo governo do presidente Javier Milei. A paralisação, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical do país, conta com ampla adesão de diversos setores, incluindo ferroviários, metroviários, taxistas, portuários, aeronautas, e ainda trabalhadores da educação, saúde, bancários e administração pública. O movimento também recebeu apoio significativo de aposentados.
As atividades em Buenos Aires foram significativamente afetadas, com o cancelamento de voos e a interrupção dos serviços de metrôs e trens, embora os ônibus continuem operando. A mobilização começou já na véspera, com protestos de trabalhadores e aposentados na capital.
A CGT emitiu um comunicado onde critica duramente o governo Milei, ressaltando que "o custo do ajuste recaiu sobre os trabalhadores ativos e aposentados, enquanto o setor financeiro multiplicou obscenamente seus lucros". A central sindical classificou o equilíbrio fiscal atingido como responsável por um aumento do desequilíbrio social, resultado de um desmantelamento do estado, sua fiscalização, suas empresas e a negligência com obras públicas.
Além de expressar a "insensibilidade" do governo em relação às demandas dos trabalhadores e aposentados, a CGT também condenou as recentes privatizações e cortes nos orçamentos de setores cruciais como saúde e educação. A central sindical reivindica ainda negociações livres para acordos de reajuste salarial, aumento das aposentadorias e a reativação das obras públicas.
Enquanto isso, o presidente Javier Milei e seus apoiadores mantêm uma postura crítica à greve. Em uma publicação nas redes sociais, o deputado federal Damián Arabia, aliado de Milei, criticou a paralisação: “Feliz quinta-feira a todos, exceto aos caras que organizaram a terceira greve geral em um ano”.
Em contexto econômico, o governo defende o corte de gastos como essencial para a recuperação econômica do país e a redução da inflação, que recuou de 289% em março de 2024 para 66% em fevereiro de 2025. Apesar da queda inaugural dos índices inflacionários e uma redução da taxa de pobreza de 54% no primeiro semestre de 2024 para 38% no segundo semestre, críticos apontam o alto custo social dessas medidas.
Nesse ínterim, Buenos Aires prossegue em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a captação de US$ 20 bilhões destinados a reforçar as reservas do Banco Central, marcando o terceiro empréstimo desde 2018 e o 23º na história financeira do país.
O ajuste fiscal em curso e as reações a ele, portanto, continuam a desenhar um cenário de intensas disputas e debates sobre o futuro econômico e social da Argentina.
Argentina faz terceira greve geral contra ajuste fiscal de Milei
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