Há exatamente um mês, um severo aumento tarifário sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos foi implantado, marcando tensões e negociações intensas entre os dois países. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil detalham as consequências e o governo se mobiliza em várias frentes para mitigar impactos e defender a soberania nacional.
Em 9 de julho, o anúncio feito pelo presidente americano Donald Trump, por meio de uma postagem em rede social, de que uma tarifa de 50% seria aplicada sobre todas as exportações brasileiras a partir de agosto, agitou o cenário político e econômico. A justificativa era o suposto tratamento desfavorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como o déficit comercial dos EUA. No entanto, as relações comerciais entre Brasil e EUA mostram que os Estados Unidos, na verdade, têm um superávit, contradizendo as alegações de Trump.
Com a imposição efetiva das tarifas em 6 de agosto, cerca de 700 produtos, incluindo itens significantes como suco e polpa de laranja, combustíveis e componentes de aeronaves, ficaram isentos da medida. A Embraer, destaque na fabricação de aviões, beneficiou-se substancialmente destas exceções. Apesar disso, o impacto da medida foi vasto, afetando 35,9% das exportações brasileiras para os EUA com o “tarifaço cheio”, além de 19,5% de produtos submetidos a tarifas específicas baseadas em argumentos de segurança nacional.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, liderou esforços para negociar com as autoridades americanas após a imposição. No dia seguinte ao início das tarifas, Alckmin encontrou-se com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, na tentativa de suavizar os efeitos e buscar aberturas para uma renegociação futura.
Na esfera judicial, o Brasil recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) no dia seguinte ao início das tarifas, argumentando violação dos compromissos pelos EUA. Paralelo a isso, medidas internas, como a Lei da Reciprocidade Econômica, foram acionadas, permitindo ao Brasil responder com tarifas similares, caso necessário.
O impacto econômico do tarifaço Amercano iniciou com uma queda de 18,5% nas exportações brasileiras para os EUA em agosto comparando ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o Brasil fortaleceu suas relações comerciais com outros parceiros, registrando um aumento nas exportações e mantendo um saldo comercial positivo de US$ 6,1 bilhões no mesmo mês.
Para enfrentar os desafios, o governo lançou o Plano Brasil Soberano, um pacote de ajuda que envolveu R$ 30 bilhões em linhas de crédito e outras medidas de apoio ao setor exportador brasileiro. O BNDES também injetou R$ 10 bilhões adicionais para fortalecer esse plano.
Este cenário reforça a necessidade de uma diplomacia ativa e introduz desafios significativos ao comércio exterior brasileiro, exigindo uma resposta coordenada e estratégica do governo federal.
(Foto de Lula e Trump cortesia de Reuter/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil. Jato E175 da Embraer por Ricardo Beccari/Embraer. Assinatura da MP Brasil Soberano por José Cruz/Agência Brasil. Reunião no BNDES com Aluízio Mercadante e Eduardo Paes por Fernando Frazão/Agência Brasil.)
Medidas de apoio e defesa da soberania marcam 1 mês de tarifaço
Economia