Agressoridade contra estudantes LGBTI+ marca presença nos ambientes educacionais, aponta pesquisa
Uma recente pesquisa revela uma alarmante realidade: 90% dos estudantes LGBTI+ no Brasil têm enfrentado agressões verbais nas escolas. O estudo, intitulado "Pesquisa Nacional sobre o Bullying no Ambiente Educacional Brasileiro", foi divulgado pelo Conselho Nacional de Educação, em Brasília. Realizado pela Aliança Nacional LGBTI+, em colaboração com o Instituto Unibanco e Plano CDE, captou respostas de 1.349 alunos da educação básica, dos quais 1.170 se identificam como LGBTI+. O levantamento contou com participantes de todas as unidades federativas, consolidando-se como um retrato preocupante da situação atual nas instituições educacionais do país.
Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+, destacou que o bullying homofóbico configura uma intimidação que vai além da simples agressão, envolvendo atos sistemáticos de humilhação e discriminação. A pesquisa também indicou que a insegurança vivenciada por estudantes trans e travestis é ainda maior, com 93% relatando sentir-se ameaçados devido a características pessoais, como aparência.
Dentre as várias formas de violência relatadas, 34% dos entrevistados afirmaram ter sofrido agressões físicas, sendo a expressão de gênero e a orientação sexual mencionadas como gatilhos frequentes. Vale ressaltar que o assédio sexual também foi uma das violências identificadas, afetando 4% dos alunos.
Os dados apontam que os principais agressores são outros estudantes, representando uma parcela de 97%. No entanto, gestores educacionais, docentes e outros profissionais da escola também têm participação significativa nesse cenário, com 34% de envolvimento por parte dos professores.
A falta de ação efetiva após as denúncias de agressão foi outro ponto crítico identificado. A maior parte dos estudantes que procuraram ajuda das instituições educacionais considerou que as medidas adotadas foram pouco ou nada eficazes. Além disso, o estudo sugere a influência dessas experiências negativas na saúde mental dos alunos, com relatos altos de depressão, especialmente entre os estudantes trans.
A pesquisa evidencia a necessidade urgente de políticas públicas que promovam um ambiente educacional seguro e inclusivo. Propostas incluem a inclusão de temas de não-violência e respeito mútuo no currículo e a capacitação de educadores para lidar com diversidades e conflitos. A ênfase no nome social e a proteção de educadores que tratam da temática LGBTI+ em sala de aula foram recomendadas para fomentar uma cultura de respeito e inclusão nas escolas brasileiras.
O cenário apresentado pela "Pesquisa Nacional sobre o Bullying no Ambiente Educacional Brasileiro" aponta para a urgência de ações concretas que possam revolucionar a experiência educacional de estudantes LGBTI+ em todo o país, visando um futuro mais justo e igualitário.
Nove em cada dez estudantes LGBTI+ sofreram agressão verbal na escola
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