Novas Diretrizes Sobre Aborto em Unidades de Saúde do Rio de Janeiro
As unidades de saúde do Rio de Janeiro agora devem exibir cartazes com mensagens críticas ao aborto, conforme determina a Lei nº 8.936, sancionada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e publicada ontem no Diário Oficial do Município. A medida, proposta pelos vereadores Rogério Amorim (PL), Rosa Fernandes (PSD) e Marcio Santos (PV), abrange hospitais, clínicas de planejamento familiar e outras instituições de saúde.
Essas placas ou cartazes devem conter alertas como: "Aborto pode acarretar consequências como infertilidade, problemas psicológicos, infecções e até óbito", "Você sabia que o nascituro é descartado como lixo hospitalar?" e "Você tem direito a doar o bebê de forma sigilosa. Há apoio e solidariedade disponíveis para você. Dê uma chance à vida!" Em caso de descumprimento, a unidade de saúde será advertida e, se houver reincidência, será aplicada uma multa de R$ 1 mil.
A sanção desta lei foi comunicada pelo prefeito ao presidente da Câmara Municipal, Carlos Caiado (PSD). Porém, a decisão foi criticada por especialistas em saúde. Paula Vianna, enfermeira e líder feminista do Grupo Curumim, uma ONG que defende os direitos das mulheres, destacou que a lei promove informações não baseadas em evidências científicas, contrariando as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS descreve o aborto como uma intervenção de saúde comum e segura quando realizada conforme recomendado.
Atualmente, conforme o Código Penal Brasileiro e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, o aborto é permitido no Brasil em três casos específicos: gravidez resultante de estupro, risco de vida para a mulher e anencefalia fetal. As declarações da líder feminista expressam preocupação de que essa legislação municipal possa prejudicar o atendimento a mulheres vítimas de violência sexual e contribuir para práticas inseguras de aborto.
Os autores da lei justificam a normativa apontando que é crucial que as pessoas enfrentando uma gravidez indesejada sejam plenamente informadas sobre as opções e riscos associados. No entanto, a discussão parece estar longe de um consenso, refletindo o complexo cenário de políticas públicas sobre saúde reprodutiva e direitos humanos.
Unidades de saúde do Rio terão placas com textos críticos ao aborto
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